Resenha do Livro Extraordinário
Esse não é um livro comum, esse não é um livro que você deve ler e esquecer. Simplesmente pelo fato que, após lê-lo, ele jamais sairá de você. Um dos últimos livros que eu lí em 2014 e me fez ver o mundo com outros olhos. Acredito que nem tudo na vida é coincidência (ou é). Quando comecei a ler "Extraordinário" eu estava literalmente mudando de fase na minha vida. Estava saindo da mesmice e enfrentando novos desafios. Pra ser mais específico eu estava saindo do meu antigo e duradouro ramo de trabalho e indo por um outro novo e até então desconhecido. Sempre trabalhei no ramo da telecomunicação, fora outras pequenas experiências, mas me dediquei durante anos a telecomunicação. Algo completamente diferente daquilo que eu viria a fazer: trabalhar com crianças, com crianças especiais.
Quando enfim consegui esse novo emprego eu estava acabando de ler o livro, que basicamente serviu de base para o conhecimento desse mundo novo. O livro em si foi uma aula para mim. Nesse novo desafio, eu seria Auxiliar Pedagógico, que nada mais é do que uma pessoa que auxilia, ajuda e apoio crianças, porém no meu caso se tratava de uma criança e ela era uma criança especial. Medos, muitas perguntas se pairavam no ar ... O jeito era enfrentar!
Pra minha surpresa a criança que eu auxiliaria não era assim tão criança. Se tratava de um garoto com 16 anos com autismo. Aquilo pra mim, no primeiro momento, foi assustador. Nunca tive nenhum contato com pessoas autistas. Não sabia como lidar com um autista. Mas encarei esse novo desafio e segui em frente. Hoje, meses depois, estou mais adaptado e conheço um pouco mais sobre o tema. Procuro sempre ler muito sobre tudo o que envolve o autismo e outras doenças como síndrome de down e afins. A cada dia mais me apaixono pelo meu trabalho. Me apaixono pelas crianças que me rodeiam. Um aprendizado que professor nenhum me passaria. meu maior professor, minha maior busca de informações é a vivência do dia a dia com eles.
O livro traz a história de August Pullman, o Auggie que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. A vida de Auggie não é uma vida simples. Desde criança ele aprendeu a conviver com preconceitos e com os desafios da vida por ser tão diferente. Não somente a sua vida era diferente, mas a vida de toda a sua família era completamente diferente, por causa dele.
''Sei que não sou um garoto de dez anos comum. Quer dizer, é claro que
faço coisas comuns. Tomo sorvete. Ando de bicicleta. Jogo bola. Tenho um
Xbox. Essas coisas me fazem ser comum. Por dentro. Mas sei que as
crianças comuns não fazem outras crianças comuns saírem correndo e
gritando do parquinho. Sei que outros não ficam encarando crianças
comuns aonde quer que elas vão.''
A história dele começa a ser narrada por ele mesmo depois que sua mãe decide matriculá-lo em uma escola regular pela primeira vez no quinto ano com a intenção de que ele tenha uma formação escolar adequada que ela não poderá lidar em casa e amadurecer para a vida, mesmo temendo como será a aceitação dos outros alunos por acharem que ele precisa dessa experiência, afinal ele é uma criança e precisa viver como uma até porque um dia precisará enfrentar o mundo sozinho. Devido a sua doença, Auggie nunca frequentara um colégio de verdade. Todo mundo sabe que é muito difícil e complicado ser um aluno novo, em um colégio onde você não conhece absolutamente ninguém, porém fica ainda mais difícil se você tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular em Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil: convencer os colegas de que, apesar da aparência estranha, ele é um garoto igual a todos os outros.
Narrado da perspetiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, "Extraordinário", consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos em sua volta - um impacto forte, comovente e, sem dúvidas nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar o coração de qualquer leitor.
A narrativa é toda em primeira pessoa mas é narrada no ponto de vista de Auggie e de mais 4 ou 5 personagens diferentes. Há no livro algumas outras questões paralelas que são bem construídas e abordadas de uma maneira leve e discreta o que deixa o livro enriquecedor e nos traz várias questões do dia-a-dia.
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Pra mim, "Extraordinário" é um livro envolvente, daquele que te deixa marcas pra toda a vida. Deu vontade de chorar no final. Um livro emocionante e encantador. Através da minha pesquisa, descobri que a autora R. J. Palácio, teve a intenção de passar uma mensagem positiva que não devemos julgar as pessoas pela aparẽncia e ela conseguiu. Eu amei a diagramação do livro. Me fez querer ler cada capítulo com mais vontade. O livro é uma delícia até mesmo para pegá-lo. Seu conteúdo também é bem revisado e com certeza agradará a todos.
Na minha opinião "Extraordinário" deveria ser adotado como leitura obrigatória em todas as escolas. Além de passar uma mensagem positiva, ele mostra o simples: que não devemos julgar ninguém e que o respeito é acima de tudo a principal arma de um convívio pacífico entre todos. Um livro que marcou a minha vida, num momento exato que eu precisava entender um universo diferente daquele que eu vivia. E com ele, por mais que seja uma obra de ficção, eu aprendi que todos somos iguais, independentemente da capa que temos. Leia! Você vai amar conhecer a história de Auggie.
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